Faz mais de um ano que não escrevia no "Não percebo!"
Faz quase dois anos que não escrevia sobre futebol!
Para quem queria escrever diariamente, o objectivo está ligeiramente aquém... se estivesse no futebol, já tinha sido despachado!
O futebol - essa paixão de milhões - volta a fazer-me escrever, porque o meu clube está, de novo, nas bocas do mundo, a ser humilhado, por quem é e por quem não é do Sporting, por quem gosta, por quem odeia, enfim, por quase todos; e isso, incomoda-me!
A vantagem - e, por vezes, a desvantagem - de se escrever sobre determinados assuntos, é que fica registado e, futuramente, não dá para dizer que afinal não era bem isso que eu dizia... está dito; está escrito, não há dúvidas!
E eu já escrevi sobre o nosso Presidente.
Não vou falar sobre a personalidade do presidente do SCP, nem dos seus "post´s", nem da sua atitude perante a adversidade. Isso, pode ser lido em qualquer jornal, rede social, ouvido e visto em qualquer canal de televisão.
Custa-me, no entanto, ver uma instituição como o Sporting Clube de Portugal, definhar sobre os seus próprios receios, fantasmas e ilusões.
Conseguiu-se impor como ideal e objectivo, que os três principais clubes nacionais têm de ganhar o campeonato todos os anos! Se não o ganharem, então os objectivos falham, os treinadores caem e as direcções fazem ainda maiores disparates!
Se olharmos para outros campeonatos, não tão latinos, conseguimos descobrir clubes que, não ganhando o campeonato local há muitos anos, não têm, também, estas crises existenciais que os clubes nacionais - e não só, podendo mesmo, este, ser um fenómeno mediterrânico, porventura - têm com os seus associados.
No caso em concreto do Sporting, a falta de títulos, nomeadamente, de campeonatos nacionais, está a fazer com que se perca o discernimento quer na sua gestão, quer na sua massa associativa, dando origem a fenómenos como os que estamos a viver.
Aparentemente, o bom trabalho de gestão que o actual presidente tem efectuado, acaba por ser engolido, por um feitio exuberante apoiado no confronto e numa atitude predominantemente violenta.
Não nos podemos esquecer, no entanto, que este Presidente herdou um clube que estava a começar a negociar um PER (Plano Especial de Revitalização), e ouvia-se um ruído de fundo com o medo da insolvência, reorganizou as finanças do clube, desenvolveu e deu prestigio a modalidades do clube que há anos não tinham actividade, construiu o Pavilhão João Rocha que havia sido promessa eleitoral de várias direcções, esteve nas grandes discussões do futebol internacional, nos últimos tempos, nomeadamente, sobre a legalidade dos fundos, a utilização do VAR, e instigou a justiça nacional para se debruçar sobre alguns casos que necessitavam de analise jurídica para saber da sua veracidade.
Contrariamente a este brilhante curriculum, cada vez que o Presidente fala, acaba por deixar muitos sportinguistas envergonhados, por não ser essa a nossa tradição, nem a nossa postura no futebol - mesmo que isso não nos tenha trazido grandes conquistas no passado.
E é aqui que este texto pretende chegar. O ganhar títulos não pode ser desculpa para tudo; o respeito ganha-se, não por discursos violentos, mas por uma postura que nos permita, com ou sem títulos, andar de cabeça erguida e sem necessidade de andar permanentemente a denegrir este ou aquele, esta ou aquela instituição. Este discurso maniqueísta em que ou estás comigo ou és contra mim, faz parte de um processo tribalista básico que está esgotado e contra o qual há que lutar.
A um Presidente compete, também, dar murros na mesa quando é necessário, mas acima de tudo, compete defender os seus, as suas estruturas porque, para todos os efeitos, ele é, e será sempre, o primeiro responsável por todos eles.
Quando Jorge Jesus acaba por ser o mais sensato no discurso, é porque algo está muito mal na organização.
Ao nosso presidente, não restam condições de governabilidade desta instituição, restando-lhe apenas gerir a forma como quer sair. A ver pelas ultimas comunicações, escritas e verbais, nada de bom espera o Sporting.
A ilusão de poder, a perda do discernimento, e da razoabilidade leva os homens a situações de rutura para as quais ninguém sai vencedor.
É algo que, por mais que tente, não consigo perceber!
Juro que não percebo!
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